Manifesto da Rede Mundial de Artistas em Aliança
http://www.cineclubepolis.wordpress.com/2009/03/04/carta-das-responsabilidades-do-artista/
http://www.polis.org.br/

• são formas universais de expressão e comunicação humana, que desenvolvem as inteligências múltiplas e as relações sociais do ser, preservam e promovem a diversidade e a identidade cultural e espiritual das sociedades, reforçando o sentido de pertencimento à humanidade;
• são inseparáveis do ato de viver, e se justificam pelo seu próprio existir, não devendo estarem a serviço de qualquer ideologia, nem serem ferramentas ou instrumento do que quer que sejam;
• contribuem para formar comunidades empáticas e sensíveis, unindo as pessoas pelo afeto e pela solidariedade;
• alimentam e são expressões da imaginação criadora que transforma a realidade;
• tem papel fundamental na reorganização do tecido social, desfeito pela mercantilização das relações, pelo individualismo e pela violência;
• possibilitam a vivência criativa, abrindo trilhas para o reencantamento do mundo;
• são patrimônio da humanidade e campos de integração e aproximação entre os povos;
• são linguagens íntimas na comunicação entre jovens, quando buscam se entender e se conhecer em resposta as questões existenciais;
• possibilitam a vivência alegre, lúdica, prazerosa e criativa, o sonho e a utopia;
• podem estimular a indignação frente às injustiças sociais e é inspiradora de mudanças de atitudes no papel da sociedade civil;
• abrem caminhos para a reinvenção do mundo:
É responsabilidade do artista:
• lutar para a integração das linguagens artísticas na busca de novos paradigmas cooperativos e humanizadores de educação e cultura;
• contribuir para a democratização das artes através da educação formal e informal atual;
• estimular diálogo com perspectivas culturais e métodos de criação artística atuais, valorizando os diversos processos criativos e não cedendo a pressões políticas, ideológicas ou discriminatórias oriundas do mercado;
• abrir a sua obra para diálogos, desmistificando, democratizando e compartilhando com todos o ato de criar;
• estabelecer relações com os jovens, propondo-lhes caminhos e desafios na fruição da criação artística;
• estabelecer relações interculturais, com o público e com a sociedade, inspirando e ampliando os processos criativos na formação da cidadania;
• promover a devolução pública de produtos e processos artísticos, ampliando as oportunidades de diálogo com o público através da difusão e distribuição de produtos (livros, CDs etc), bem como estimulando a inclusão de cláusulas visando a esta atitude nos editais, leis de incentivo à cultura e ações culturais;
• fortalecer intercâmbios e oportunidades de diálogo intercultural, base de novos paradigmas para uma humanidade que leve em conta a paz, a ética e o reencantamento do mundo;
• contribuir para que as novas tecnologias de informação e comunicação possam promover a diversidade cultural e aproximação dos artistas com o público;
• contribuir para a democratização dos meios de comunicação e ampliação de espaços de debate sobre os meios de expressão artística, redefinindo o papel do artista e sua responsabilidade como mídia cultural;
• participar e acompanhar a elaboração e implementação das políticas culturais, seja individualmente ou através de organizações profissionais independentes;
• estimular a responsabilidade social, cultural e política do estado e da iniciativa privada;
• reivindicar e monitorar a ampliação e a distribuição democrática dos orçamentos públicos, bem como os direitos garantidos ou indicados nas leis nacionais e nos pactos internacionais, como o Pacto Internacional das Nações Unidas sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, a Convenção sobre a Diversidade Cultural e proteção do patrimônio artístico promovido pela UNESCO em outubro de 2005 e outras recomendações culturais;
• proteger e propagar o patrimônio material e imaterial de todos os povos;
• lutar pelo direito à remuneração digna, buscando abrir o debate sobre a questão dos direitos autorais;
• proteger, contra apropriação indevida de terceiros, os bens artísticos e culturais de todos os artistas, principalmente daqueles pertencentes aos setores mais vulneráveis como os quilombolas, os indígenas e os mestres e mestras da cultura popular;
• estimular a criação de associações e cooperativas, fóruns e redes, para que possam melhor difundir suas experiências e interferir na realidade cultural onde se inserem;
• lutar pela preservação do meio ambiente, condição essencial para uma sociedade sustentável, utilizando materiais que preservem a natureza;
• ocupar a rua e o cotidiano, que é o lugar por excelência da comunidade, e não apenas os “templos” da cultura ”(centros culturais, bibliotecas, teatros, cinemas, galerias, escolas, equipamentos públicos);
• integrar a consciência cultural da América Latina através de atividades artísticas e estimular os diálogos sul-sul;
• repensar as práticas artísticas, levando em conta o desenvolvimento da criatividade à luz dos valores éticos e humanistas.
Propostas de ações para a difusão da Carta de Responsabilidades do Artista:
• usar os sites da Rede Mundial de Artistas e dos membros da Aliança Mundial pelas Artes Educação para divulgar regularmente suas atividades e articulação de ações;
• promover a apresentação da Carta em todas as linguagens artísticas e por todos os meios e espaços de comunicação, e para trabalhar seu conteúdo;
• criar corredores culturais como territórios de responsabilidade para desenvolver o diálogo intercultural em todas a comunidades, países e regiões do mundo por meio da difusão da Carta;
• articular núcleos de arte-educadores comprometidos com a discussão e a divulgação da Carta;
• promover diálogos intergeracionais sobre a Carta;
• incluir os princípios da Carta de Responsabilidades Humanas nas políticas públicas;
• elaborar e socializar metodologias que valorize as identidades e diversidades locais, promovendo valores que inspiram a Carta das Responsabilidades Humanas, quais sejam:
• A Terra é a nossa única e insubstituível mátria.
• A humanidade em toda a sua diversidade pertence ao mundo vivo e participa de sua evolução.
• Nossos destinos são inseparáveis e a amplitude das crises do nosso tempo nos mostra aquilo que está em questão hoje: o dom da vida em si.
• A vida não é criada pelos seres humanos, os seres humanos fazem parte da vida.
• A humanidade e sua diversidade têm a responsabilidade de preservar o direito à vida.
• O artista pode contribuir para a preservação e o desenvolvimento da vida e para salvar o sonho.
Janeiro de 2009